Bolsonaro nega golpe e diz que 'discutiu alternativas' com Forças Armadas
Carolina Juliano
11/06/2025 05h54
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi interrogado ontem pelo ministro Alexandre Moraes, no STF, na ação que investiga a tentativa de golpe de Estado após a eleição de Lula, em 2022. Ele se apresentou comedido e demonstrando respeito a Moraes, uma atitude que destoou da postura adotada em outras ocasiões, quando fazia frequentes ataques ao ministro. Bolsonaro negou envolvimento com qualquer tentativa de golpe, pediu desculpas ao STF por críticas feitas aos ministros em uma reunião ministerial em julho de 2022, e chamou seus apoiadores que defenderam intervenção militar de "malucos". O ex-presidente também contestou a afirmação de Mauro Cid de que teria "enxugado" a minuta do golpe, retirando a prisão de autoridades, com exceção de Alexandre de Moraes. Ele itiu, no entanto, que viu o documento, mas minimizou a sua importância. Disse que o texto tinha "apenas os considerandos" e que foi exibido numa TV durante reunião, "de forma bastante rápida". Bolsonaro disse ainda que, após o TSE decretar uma multa de R$ 22 milhões ao Partido Liberal pela representação contra o resultado das eleições, ele convidou os chefes das Forças Armadas para discutir as "alternativas". Leia mais sobre o depoimento.
Braga Netto diz que Cid mentiu, e Torres fala que minuta em sua casa foi 'fatalidade'. Além de Jair Bolsonaro, também foram interrogados ontem no STF o general Augusto Heleno, que preferiu não responder aos questionamentos de Moraes, Anderson Torres, Braga Netto, Sérgio Nogueira e Almir Garnier. Anderson Torres, que foi ministro da Justiça no governo Bolsonaro, afirmou que a minuta de teor golpista encontrada pela Polícia Federal foi parar em sua casa em decorrência de uma fatalidade. Segundo ele, o texto era um dos papéis que recebeu na rotina no ministério e deveria ir para o lixo. Já o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira afirmou que alertou Bolsonaro sobre a gravidade da decretação de medidas de exceção com a vitória de Lula e após a reunião em que o então presidente apresentou aos chefes militares uma série de considerações que embasariam a decretação de estado de defesa ou estado de sítio. O último a ser ouvido foi Braga Netto, o único que não foi ouvido presencialmente por estar preso no Rio de Janeiro. Ele negou que tenha entregado dinheiro a Mauro Cid em uma caixa de vinho para financiar uma articulação para matar autoridades, e afirmou só ter tomado conhecimento dos planos por meio da imprensa.
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