Corpos de oito garimpeiros são encontrados na Terra Yanomami
Segundo informou o jornal Correio Braziliense nesta terça-feira (02/05), os cadáveres foram localizados durante um sobrevoo da Polícia Federal (PF) na região do Uxiú, onde um agente de saúde indígena foi assassinado a tiros e outros dois Yanomami ficaram feridos em confrontos no último sábado.
Os corpos dos garimpeiros estavam uma espécie de cratera e tinham marcas de tiros. Segundo a PF, uma flecha foi encontrada no local. A suspeita é que as mortes estejam relacionadas com o ataque aos indígenas da comunidade.
Segundo relatos de membros da comunidade que vive na região, após o confronto, um grupo de indígenas seguiu os garimpeiros pelo rio, onde houve nova troca de tiros. Uxiu fica na região do rio Alto Mucajaí, uma das rotas utilizadas pelos invasores.
O presidente Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, informou que as três vítimas indígenas foram baleadas por garimpeiros que atuam na região. Ele relatou que os invasores chegaram à comunidade Uxiu, alguns deles encapuzados, e abriram fogo.
A PF abriu um inquérito para investigar o ocorrido e enviou agentes para a comunidade. Os policiais examinaram indícios dos crimes cometidos contra os indígenas, ouviram testemunhas e realizaram uma perícia no local. Os agentes aguardam a conclusão de laudos e relatórios para prosseguirem com as investigações.
Nesta segunda-feira, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima confirmou a morte de quatro garimpeiros em outro ponto da Terra Indígena Yanomami em um ataque realizado neste domingo.
Eles teriam reagido a uma incursão de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). De acordo com o ministério, durante a ação, foi apreendido armamento de grosso calibre.
O ataque de domingo foi o quarto contra equipes do Ibama desde 6 de fevereiro. De acordo com o Ministério, há indícios de que uma facção criminosa controla o garimpo onde ocorreu o confronto.
O governo federal enviou uma comitiva a Roraima, incluindo as ministras da Saúde, Nisia Trindade, dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e do Meio Ambiente, Marina Silva, que viajaram nesta segunda-feira a Boa Vista. Silva e Guajajara sobrevoaram áreas de garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. Trindade esteve no Hospital Geral de Roraima para visitar os dois indígenas internados.
Três meses de operação
O clima de tensão entre os invasores e os yanomami tem aumentado desde o final de janeiro, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se comprometeu com a eliminação do garimpo ilegal, após o país decretar emergência na Terra Indígena Yanomami devido à grave situação sanitária, provocada também pela intensa atividade dos mineiros, que contaminaram os rios com mercúrio e devastaram parte do território.
Segundo levantamento do Ministério do Meio Ambiente, desde então, foram destruídos 327 acampamentos de garimpeiros, 18 aviões, dois helicópteros, centenas de motores e dezenas de balsas, barcos e tratores. Também foram apreendidas 36 toneladas de cassiterita – de onde é extraído o estanho –, 26 mil litros de combustível, além de equipamentos usados pelos criminosos.
De acordo com a Agência Brasil, imagens de satélite apontam uma redução de cerca de 80% de áreas desmatadas para mineração de fevereiro a abril em relação ao mesmo período do ano ado. Mas, de acordo com os indígenas, apesar dos esforços, as ações do governo ainda são insuficientes.
rc (ots)
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