Assista à íntegra do interrogatório de Lula sobre sítio de Atibaia

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi interrogado nesta quarta-feira (14) pela juíza federal Gabriela Hardt, substituta de Sergio Moro, em Curitiba, no âmbito do processo do sítio de Atibaia (SP), em que é um dos 13 réus da investigação da Operação Lava Jato. O interrogatório durou quase duas horas e meia.
Essa foi a primeira vez em que Lula deixou a Superintendência da Polícia Federal, onde está preso desde abril, desde que se entregou para começar a cumprir sua pena de mais de 12 anos de prisão no processo do tríplex, também investigado pela Operação Lava Jato.
Segundo denúncia da força-tarefa do MPF (Ministério Público Federal) na Operação Lava Jato, Lula teria favorecido as construtoras Odebrecht e OAS em quatro contratos no esquema de corrupção na Petrobras. Em contrapartida, teria recebido cerca de R$ 1 milhão em propina da Odebrecht, da OAS e de Bumlai na forma de obras no sítio de Atibaia. A defesa do ex-presidente nega todas as acusações e diz que ele é alvo de perseguição política.
Assista à íntegra do interrogatório:
Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4
Parte 5
Parte 6
Veja o interrogatório do pecuarista José Carlos Bumlai
Parte 1
Parte 2
Leia, a seguir, a íntegra da audiência:
Gabriela Hardt: Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, eu vou chamá-lo de ex-presidente? Você prefere como?
Lula: Doutora, se você puder falar um pouquinho mais alto, para mim seria bom.
Posso chamá-lo de ex-presidente?
Pode.
Então, o senhor sabe do que está sendo acusado nesse processo, não é?
Não. Não sei. Gostaria de pedir... Se a senhora pudesse me explicar, qual é a acusação?
O senhor tem dois conjuntos de acusação. Os primeiros... A primeira parte da acusação diz respeito à corrupção, que o senhor teria recebido vantagens indevidas da Odebrecht e da OAS, relacionadas aos contratos que elas têm com a Petrobras. E um segundo conjunto de atos, que seriam atos de lavagem de dinheiro relacionados à reforma do sítio em benefício ao senhor e à sua família, que foram feitas, num primeiro momento, pelo Bumlai, num segundo momento, pela Odebrecht e, num terceiro momento, pela OAS. Um resumo muito sintético seria esse.
Não. Eu imagino que a acusação que pesava sobre mim é que eu era dono de um sítio em Atibaia.
Não, não é isso que acontece. É ser beneficiário de reformas que foram feitas. A acusação a pela relação de o senhor ser dono do sítio, mas a acusação imputada é de o senhor ser beneficiário das reformas que foram feitas por essas entre essas pessoas que eu lhe falei, Bumlai, Odebrecht e OAS.
Doutora, eu só queria perguntar, para o meu esclarecimento, porque eu estou disposto a responder toda e qualquer pergunta. Eu sou dono do sítio ou não?
Isso é o senhor que tem que responder, doutor, e eu não estou sendo interrogada nesse momento.
Quem tem que responder é quem me acusou.
Doutor... Senhor ex-presidente, isso é um interrogatório e, se o senhor começar nesse tom comigo, a gente vai ter problema. Então, vamos começar de novo. Eu sou a juíza do caso, eu vou fazer as perguntas que eu preciso para que o caso seja esclarecido, para que eu possa sentenciá-lo, ou algum colega possa sentenciá-lo. Então, num primeiro momento, eu quero dizer que o senhor tem todo o direito de ficar em silêncio, mas nesse momento eu conduzo o ato.
>> Pela ordem, Meritíssima Juíza. Nos termos do que dispõe a Constituição e as leis de processo penal, a Excelência bem sabe, o interrogatório é o ato em que o acusado exerce a autodefesa. Tem que ter a mais absoluta liberdade para expor os fatos e indagar a respeito do que está sendo acusado.
[Falas sobrepostas]
>> Eu estou me dirigindo à Meritíssima Juíza, não estou falando com vossa excelência. Não há este diálogo lateral. Estou falando com a Meritíssima Juíza. Estou me dirigindo ao juízo. Vossa Excelência quer substituir o juízo?
[Falas sobrepostas]
Eu vou interromper o áudio nesse momento. Eu posso fazer as perguntas ao seu cliente? O senhor orientou ele do que está sendo acusado nesse processo? Ele está apto a ser interrogado ou o senhor precisa sair dessa sala e conversar com ele e ele retornar?
>> Absolutamente não. Eu só quero que ele tenha a liberdade de, nas formas da Constituição e da lei, responder da forma como ele acha adequado.
Ele responde respondendo, não fazendo perguntas ao juízo ou à acusação. O senhor se sente apto a ser interrogado neste momento, senhor ex-presidente?
Eu me sinto apto e me sinto desconfortável.
Se o senhor se sente desconfortável, o senhor pode ficar em silêncio. Como eu ia dizer, o silêncio do senhor não será usado em prejuízo à sua defesa. Se o senhor quiser responder as perguntas que primeiro eu vou lhe fazer, depois o órgão do Ministério Público e depois as defesas, o senhor pode responder.
Quando é que eu posso falar, doutora?
O senhor pode falar e o senhor pode responder quando eu perguntar no começo.
Mas, pelo que eu sei, é meu tempo de falar.
Não. É o tempo de responder as minhas perguntas. Não vou responder interrogatório nem questionamentos aqui. Está claro? Está claro que eu não vou ser interrogada?
Eu não imaginei que fosse assim, doutora.
Eu também não.
Como eu sou vítima de uma mentira, há muito tempo, eu imaginei que agora...
Eu também não imaginava. Então vamos começar com as perguntas. Eu já fiz o resumo da acusação e vou fazer perguntas. O senhor fica em silêncio ou o senhor responde. Sr. Cristiano Zanin, eu não lhe concedi a palavra. Eu vou fazer perguntas. Eu já fiz o resumo do que o senhor está sendo acusado e agora eu quero lhe perguntar em que momento, primeiro momento, que o senhor teve contato com esse sítio de Atibaia?
Dia 15 de janeiro de 2011.
Tá. O senhor teve contato com esse sítio de Atibaia no 15 de janeiro de 2011 como?
Eu tinha deixado a Presidência da República, eu estava de férias e, quando foi no dia 12 de janeiro, me falaram que o Jacó Bittar tinha comprado um sítio e se eu queria ar um final de semana lá. Eu subi do Guarujá no dia 15 e fui ao sítio do Jacó Bittar, que na verdade era do filho de Jacó Bittar.
E foi lhe informado por quem? O Jacó te falou, a dona Marisa?
Quem falou foi um filho meu, por causa de uma briga minha com a dona Marisa.
Daí o senhor foi nesse sítio com quem nesse primeiro dia, 15 de janeiro?
Fui com meu pessoal da segurança e com a Marisa.
Tá. O senhor, e estava o Fernando, o Jacó...
É.
O senhor foi ar um final de semana?
Eu não sei se foi num final de semana ou um domingo, eu não lembro bem.
Quando o senhor chegou lá, o senhor soube que o sítio era do Jacó já de cara, que era do Fernando?
Soube, soube. Na verdade, eu soube que o Jacó Bittar tinha doado ao filho dele o dinheiro da poupança dele, o dinheiro sei lá de onde, ou seja, para que o filho pudesse adquirir o sítio.
Tá. O senhor ou a frequentar o sítio a partir de então?
ei a frequentar o sítio em 2011, alguns finais de semana, junto com o Jacó Bittar, junto com o Fernando...
Tá. Chegou o momento que o senhor chegou a ficar hospedado lá? Porque, quando houve a busca e a apreensão, foram encontrados vários objetos pessoais...
Eu ficava hospedado de final de semana lá.
Então o senhor ia final de semana, mas com frequência a partir de um certo momento ou desde 2011?
Eu acho que 2011 até 27 de outubro, eu ia sempre com o Jacó Bittar, porque nós fazíamos lá... jogávamos buraco, jogávamos mexe-mexe. E o Jacó tinha, na nossa companhia, sabe, naquele instante, eu acho que era uma relação quase que de irmão, porque eu conheci o Jacó desde 1975, nós fundamos o PT juntos, fomos dirigentes sindicais juntos, fundamos a CUT juntos, fizemos as greves juntos, fomos candidatos juntos, sabe. E o Jacó Bittar, depois de um certo tempo, ou a ter em mim, sabe, quase que a única pessoa em que ele ava final de semana.
Tá. É que, a partir de um certo momento, pelo que consta dos autos e pelo que foi encontrado na busca e apreensão realizada no sítio, a família Bittar deixou de frequentar com tanta frequência, o senhor e a sua família começaram a frequentar mais. Isso chegou a acontecer?
Veja, a família Bittar... O Fernando Bittar, em função de ter um filho de 12 anos que preferia ir pro shopping do que pro sítio, não ia, mas o Jacó ia constantemente pro sítio. E o problema do Jacó é que ele estava com Mal de Parkinson e estava cada vez mais ficando com problema. Mas ele foi muito tempo...
Frequentava junto com o senhor e com a dona Marisa?
É. Quem deixou de frequentar um pouco mais fui eu, por causa do câncer. Depois do dia 27 de outubro, eu tive, 2011 e 2012, o tempo inteiro, menos possibilidade de ir e às vezes ia e voltava no mesmo dia, por causa da doença.
Tá. E nesse... O Fernando falou até que o senhor ia na época do tratamento e ficava hospedado de vez em quando.
Eu ia, eu ia. Mas não ia pra dormir, porque eu tinha problema de debilidade.
Tá. E aí, depois de um tempo, quando foi feita a busca e apreensão, então o senhor disse que o Jacó ainda frequentava, o Fernando menos, por causa do filho adolescente, mas o senhor que ocupava o quarto principal.
Quando me dava, eu ocupava.
Mas tinha os objetos pessoais que estavam lá...
Isso era uma deferência que eu recebia tanto lá na chácara quanto recebia no palácio da rainha da Inglaterra, no palácio da rainha da Suécia, em vários lugares que eu frequentei, inclusive no Kremlin, eu tive o prazer de ser convidado a dormir no Kremlin. Eu não sei o que o Ministério Público viu de absurdo nisso.
Quando foi narrado aqui por várias testemunhas e por alguns réus, o senhor Fernando Bittar comprou o sítio, foi feita a escritura, ele e o Jonas Suassuna. O senhor sabia que foi feita uma escritura, eles negociaram, uma parte do terreno ficaria com o Jonas, outra parte com o senhor Fernando Bittar?
Eu não tinha interesse e nem por quê saber disso. O que eu sabia era que o terreno era um todo e que o Fernando Bittar não podia comprar todo o terreno, ele comprou uma parte e o Jonas Suassuna comprou a outra parte, é isso que eu sabia.
Mas o senhor sabia quando? Quando que o senhor ficou sabendo disso?
Depois de algum tempo que eu estava lá.
O senhor já estava usando o sítio lá?
Já.
Quer dizer, o senhor já estava frequentando o sítio?
Já, já.
O senhor soube que as primeiras reformas foram feitas no sítio, uma parte pelo senhor Fernando para usar e a outra parte a pedido da dona Marisa?
Veja, eu tenho muita dúvida se a dona Marisa pediu pra pedir a reforma, tenho muita dúvida. Como ela não está aqui pra se explicar, eu fico com a minha dúvida.
O senhor Bumlai e o senhor Aurélio, que foram ouvidos nessa semana, relataram que eles foram juntos com dona Marisa...
É, agora ficou fácil citar o nome de dona Marisa, porque ela morreu.
Então o senhor não acredita...
[Falas sobrepostas]
Eu não acredito, porque eu não acredito que a dona Marisa tivesse efetivamente relação pra pedir pra uma empresa fazer obras e também porque não era dela.
Então o senhor acha que o senhor Bumlai, quando fala que foi fazer visita junto com dona Marisa e com o senhor Aurélio, e o senhor Aurélio também confirma essa visita, antes das reformas, o senhor acha que eles estão mentindo?
Eu não estou dizendo que eles estão mentindo, eu estou dizendo que eu não acredito que a dona Marisa fosse pedir.
Então por que ela teria ido visitar esse sítio com o Fernando, com o Bumlai e com... O senhor sabe?
Ah, eu sei, porque as pessoas, na verdade, quando compraram o sítio, tomaram uma decisão de que o Lula não poderia saber de nada, que o Lula era contra qualquer ideia, sabe, de comprar qualquer coisa, pedindo pra ele guardar arquivo, porque eu era contra, no meu mandato presidencial, eu era contra. Eu, primeiro, discuti instituto, discuti acervo, antes que eu deixasse a Presidência da República, no dia 31 de dezembro de 2010, sabe. Então os companheiros também não tinham que me dar explicação, mas eles fizeram...
Então o senhor não soube e duvida que a dona Marisa tenha falado com o senhor Bumlai e pedido pra reformar alguma coisa no sítio?
Eu sinceramente duvido. Eu sinceramente duvido.
O senhor soube que as primeiras pessoas que fizeram a obra, as primeiras pessoas que estavam lá, foram retiradas a pedido da senhora Marisa, do senhor Fernando, do senhor Aurélio?
O que eu sei das reformas, na verdade, foi depois, da imprensa.
O senhor sabe do contato que dona Marisa tinha com pessoas da Odebrecht, com a direção da Odebrecht, pra ter pedido pra Odebrecht assumir essa reforma?
É isso que eu estou tentando dizer. A Marisa não tinha, não tinha, no meu conhecimento, nenhuma relação com a Odebrecht.
Mas nem em eventos sociais ela não tinha contato com o senhor Emílio, com o senhor Marcelo?
Não, não.
Ela participou de jantares de eventos sociais com o senhor Emílio, com o senhor Marcelo?
Obviamente que pode ter encontrado num evento qualquer, sabe, público, com essas pessoas...
Senhor Alexandrino?
Porque iam muitos empresários. Mas ter liberdade pra falar com uma pessoa e pedir, eu, sinceramente, acho que quem citou isso está tentando encontrar uma solução cômoda para uma pessoa que já está morta.
Tá. Então as pessoas que relataram esse fato também o senhor acredita que estão mentindo que dona Marisa pediu?
Eu não vou dizer. Não tô utilizando a palavra “mentindo”. Eu só estou dizendo que não acredito que dona Marisa tenha pedido.
Tá, com relação à parte que foi feita, o senhor já relatou, e eu ia perguntar isso no início do depoimento, ficou um pouco tumultuado, a questão da relação do senhor com a Odebrecht, o senhor concorda em usar o que já foi dito nos outros processos, no processo anterior, que é do apartamento e do... o senhor concorda ou o senhor quer que refaça algumas perguntas?
Doutora, eu, na verdade, gostaria de falar outra vez o que eu já falei aqui para o doutor Moro na audiência. Já falei. Ou seja, o primeiro processo que eu fui vítima, que é uma farsa, uma mentira do Ministério Público, com power point; a segunda é outra farsa, sabe. E eu estou pagando esse preço, eu vou pagar porque eu sou um homem que crê em Deus, creio na justiça, e um dia a verdade vai prevalecer o que está acontecendo.
Tá, então o senhor quer que eu refaça as perguntas relativas ao... à aproximação que a diretoria da Odebrecht tinha com o senhor, é isso, para o senhor poder falar de novo?
Pode fazer, pode fazer.
Então, consta que o senhor Emílio Odebrecht foi ouvido na Sessão Penal, que ele tinha, antes mesmo de o senhor assumir o primeiro governo, contatos em razão da empresa dele ser uma grande empreiteira, em especial pelo compromisso que o senhor teria assumido com relação à política da petroquímica da Braskem, que seria interesse da Odebrecht, e que várias vezes ele conversou com o senhor, várias vezes houve a sugestão pelos dirigentes de Petrobrás para que fosse reestatizado essa parte, esse setor da economia, e que ele sempre foi conversar com o senhor e o senhor sempre garantiu a continuidade da empresa nesse sentido. O senhor confirma essas conversas com o senhor Emílio, essa questão da Braskem?
Doutora, eu talvez tenha sido, na história do Brasil, o presidente que mais conversou com empresários, talvez o único presidente da República eleito com programas em cada eleição que eu disputava. E esse programa de governo era feito ouvindo desde os mais simples trabalhadores aos mais importantes empresários, ando pela FEBRABAN, representando o sistema financeiro, ando pelo xucro ao doleiro, ando pela indústria de óleo e de gás. Eu quando construía um programa de governo, eu construía um programa de governo para o Brasil e não para mim. E o Emílio Odebrecht e outros empresários participaram muito de discussão sobre o futuro do Brasil e sobre a construção. E eu tinha um pensamento sobre a indústria petroquímica, porque a Petrobrás, diferentemente do que algumas pessoas falam, não é uma empresa estatal, a Petrobrás é uma empresa, sabe, pública de economia mista, com ações na bolsa de Nova York e com acionistas minoritários. E eu não tinha nenhum interesse que fosse estatizado qualquer coisa, eu tinha interesse que tudo fosse transformado, sabe, numa atividade de empresas pública e que deveria participar Petrobrás, empresas privadas, Banco do Brasil, empresas privadas, tudo. Eu achava que tinha que ser uma mistura da atividade econômica, para a gente fazer esse país voltar a crescer. Mas, como o ideal era tentar mostrar que a empresa Petrobrás era pública e que o Lula mandava na Petrobrás, sabe, se criou um monstrengo de dizer...
Mas eu nem perguntei da Petrobrás. Eu perguntei, especificamente, das conversas que o senhor Emílio disse teve com o senhor a respeito do medo que ele tinha que a petroquímica Braskem fosse estatizada.
Eu estive com ele e com todos os empresários brasileiros, inclusive todos eles participavam do Conselho Econômico e Social que eu criei, onde participavam os maiores empresários do Brasil e nós discutíamos desde política tributária à política social, à política de investimento, à política externa. É por isso que meu governo...
Tá, o senhor, sim, conversou com o senhor Emílio sobre essa questão da Braskem, ou não, não conversou?
Não era da minha alçada conversar; ou seja, qualquer assunto específico de conversa com quem quer que seja ou a pessoa conversava com o ministro da área, ou pessoa conversa com a empresa afim.
Tá, então o senhor não conversou e não garantiu nada ao senhor Emílio em nenhum momento?
Veja, primeiro, eu poderia garantir qual era a intenção do governo, e a intenção do governo era ter o Brasil como um país, sabe, de uma indústria química poderosa. O Brasil é um país de 200 milhões de habitantes, o Brasil compra até bacia de lavar os pés e importa, porque não tinha uma indústria química forte. Eu era favorável e defendia que o Brasil tivesse uma indústria petroquímica muito forte. E a Braskem...
Eu só queria que o senhor respondesse “sim” ou “não”.
É porque não é só assim, doutora. Lamentavelmente não é só assim, “sim” ou “não”.
O senhor nunca conversou com a...
Acabei de dizer que eu conversei muito com a Braskem...
Mas, especificamente sobre esse assunto, o senhor conversou ou não conversou?
Devo ter conversado na discussão do programa do governo.
E o senhor garantiu alguma posição para o senhor Emílio?
É possível garantir, é possível garantir que o governo brasileiro ia ser um governo democrático, plural, e que as empresas iriam ter o direito de participar das coisas feitas no governo.
Tá. Com relação aos diretores da Petrobras, já foi feita a pergunta, mas, como o senhor quer de novo falar sobre o assunto, volto a perguntar. Qual a participação? O senhor escolheu os presidentes da Petrobras que foram presidentes durante os seus dois mandatos?
Essa é uma das grandes mentiras. Se o Ministério Público tivesse tido interesse, ele teria percebido que, antes do Lula virar presidente da República, quem escolhia o diretor da Petrobras era exatamente o presidente da República do Brasil e que, para evitar que o Lula fizesse isso, aí já vem a maldade política, teve o decreto-lei estabelecido em 2003, 2002, sabe, tirando da Presidência da República o direito de indicar. Então, quem ou a ser o indicador era efetivamente o Conselho de istração da Petrobras, que era plural, que tinha empresários privados, grandes, pequenos, médios, que tinha acionista minoritário. Qual era o papel do presidente da República? Eu não sei se as pessoas estão acompanhando a montagem do governo agora atual, quem é que está sendo colocado. Dá-se a impressão de que não tem ninguém político, mas, com raríssimas exceções, todo mundo ali é político. Então o que eu fazia? Ei fui eleito com uma base que me apoiou na campanha. Eu designei, sabe, um ministro-chefe da Casa Civil, que é o responsável por isso, particular, com os líderes dos partidos que me apoiavam, a montagem do segundo escalão do governo, porque eu tinha indicado o primeiro escalão.
No caso era o senhor José Dirceu?
Como é que funciona: você reúne as lideranças dos partidos, os líderes de cada bancada, sei lá se o presidente do partido, porque eu não participo, e eles indicam um nome para que o presidente da República coloque à disposição... Primeiro, o Gabinete manda pra Casa Civil, que vai pro Gabinete Institucional, o Gabinete Institucional faz uma investigação, sabe, se tem prontuário, se tem denúncia, se tem... qualquer coisa que não signifique boa conduta. Quando isso chega, devolve-se à Presidência da República, o presidente da República encaminha isso ao Conselho da Petrobras. E o Conselho da Petrobras é quem tem autonomia e autoridade, segundo o decreto, de indicar as pessoas. Quando as pessoas foram indicadas, eu disse no depoimento, não houve uma denúncia, nem da imprensa, nem da Polícia Federal, nem do Ministério Público, nem do Sindicato de Trabalhadores, nem dos funcionários; ou seja, eles foram aprovados, inclusive em depoimentos de pessoas do Conselho, por unanimidade.
Tá. Então o senhor fez indicações com base em orientações da base partidária...
[Cristiano Zanin Martins]: Excelência, pela ordem. Não foi dito. Foi dito que a indicação era feita pelo Conselho. Foi isso que o depoente acabou de afirmar.
Eu enviei o nome...
C.Z.M: Encaminhamento. Encaminhamento da Presidência.
A gente não interfere no Conselho.
Mas o senhor encaminhava dez nomes para eles escolherem, ou o senhor encaminhava um nome e eles aprovavam ou reprovavam?
Você indicava o nome que tinha vindo para você indicar. Eu não inventava.
Isso que estou falando. O senhor recebia o nome da sua base de apoio, mas está falando inclusive da Presidência? O Dutra, Gabrielli... era a base de apoio...
O presidente foi da indicação minha, o presidente da Petrobras. Tanto o Zé Eduardo Dutra, quanto o José Sérgio Gabrielli.
O senhor ou o nome, então, ou indicou o nome para Conselho da Petrobras, e o Conselho aprovou. É isto?
É.
E até então não tinha indicativo que nenhuma dessas pessoas tinha qualquer problema?
Nenhuma. Eram todos concursados de mais de 30 anos de empresa.
A mesma coisa ocorria com as diretorias?
A mesma coisa com as diretorias.
Mas o senhor sabia, até então, que cada diretoria era indicada por um partido?
Era indicado por um conjunto de forças políticas que tinha me ajudado a ganhar. Como é hoje.
Não estou falando que isso é errado, mas o senhor sabia então que, por exemplo, o Paulo Roberto Costa era indicação do PP, sabia que o Cerveró e depois o...
Do PT e de outras forças políticas. Isso já está no meu depoimento.
É que o senhor pediu para falar de novo.
C.Z.M: Ele falou forças políticas, Excelência, não o partido.
Mas eu estou perguntando do partido, por isso que estou perguntando.
Mas têm várias forças políticas que indicam.
Não era PT, PMDB...
Exatamente como é hoje.
O senhor, então, com essas forças políticas, indicou o nome do Paulo Roberto Costa, indicaram o nome do Cerveró, indicaram o nome do...
Do Duque.
Do Duque. E o senhor encaminhou para o Conselho e eles aprovaram. É isto?
É.
Tá. Houve algum pedido de políticos para o senhor trocar diretores da Petrobras?
Não.
O senhor nunca recebeu pedido de político dizendo assim “esse diretor está me dando problema, o nosso partido está tendo problema com esse...”, o senhor nunca recebeu?
Nunca.
Foi reado pelo chefe da Casa Civil na época, ou no segundo momento pela senhora Dilma alguma informação de que algum diretor estava dando problema com a sua base de apoio?
Não.
Aquele fato narrado aqui, na denúncia, de que houve antes da indicação do Paulo Roberto Costa para a Diretoria da Petrobras uma obstrução na Câmara dos Deputados, o senhor tomou conhecimento, sabe falar alguma coisa a respeito ou quer repetir alguma coisa a respeito disso?
Deixa eu dizer uma coisa, doutora. É que a pessoa que contou esse fato não merece, da minha parte, meio centímetro de respeito. Porque se tivesse acontecido um bloqueio de votação na Câmara, o Governo tinha um coordenador político que era Ministro, que mantinha relação com a Câmara. Entre coordenador político, tinha contato com todos os líderes partidários. Além disso, o Governo tinha, naquela ocasião, a Presidência da Câmara. Além disso, o Presidente tem o líder do Governo dentro do Congresso Nacional. É muito sistemático que eu nunca tenha ouvido falar de que houve a obstrução da aprovar um nome.
Então o senhor… nunca foram para o senhor falando que teve problema e que estavam obstruindo votações na Câmara?
Eu, graças a Deus, nunca tive obstrução no Congresso por nenhum projeto.
Segundo consta na denúncia, dentre as várias reuniões que constam na sua agenda com o senhor Emílio Odebrecht, há uma reunião no dia 30, no penúltimo dia do Governo do senhor, 30 de dezembro de 2010, que o senhor teve uma reunião com o senhor Emílio. O senhor confirma essa reunião?
Não teve reunião, doutora.
Mas está na sua agenda.
Não teve reunião. Fui eu que contei que houve a conversa. O Emílio pediu para ir ao Palácio para que ele pudesse apresentar o Marcelo à Presidenta Dilma. Foi isso. Eu estava na Bahia, regressei da Bahia que eu estava inaugurando um programa habitacional e o Emílio esteve no Palácio, por volta de cinco horas, quase, já era véspera da posse da Dilma, tinha poucos minutos para qualquer contato político. A conversa foi muito rápida. Sabe? Mas não foi uma reunião em que você senta numa mesa e conversa e discute um assunto.
Entre os documentos juntados no processo, entregues ao Ministério Público pela defesa dos executivos da Odebrecht, consta uma pauta que o senhor Marcelo teria ado ao pai, de assuntos a serem tratados com o senhor. Isso já foi te perguntado, já foi perguntado para o senhor antes, mas dentre os assuntos estava “Sítio 15/01”, que é a data que o senhor disse que conheceu o sítio. Estava nesse meio que o senhor Marcelo mandou para o pai para conversar com o senhor nesse dia 30. O Senhor Emílio, ouvido aqui em juízo, disse que mencionou ao senhor, ao final da reunião, que o sítio estaria pronto no dia 15 e que o senhor não esboçou nenhuma reação.
Porque eu não sabia, doutora.
Mas o senhor se recorda de o senhor Emílio ter falando com o senhor?
Na verdade eu não lembro. Eu vi o Emílio em depoimento, até pela televisão, o Emílio dizendo dando um sorrisinho sarcástico, “até lembrei e falei com o Presidente, o sítio está pronto, não respondeu nada, eu pressuponho que ele conhecia. Ele poderia ter pressuposto que eu não conhecia. Porque se eu conhecesse, eu ia dar um abraço nele, “obrigado Doutor Emílio, que maravilha que o senhor fez”.
Então o senhor não se recorda disso?
Eu não me recordo dele ter falado e, também, se tivesse falado, para mim não significava nada, porque, até então, eu era analfabeto de sítio.
Tá. Segundo os dados... quantos minutos? 28? Dá mais um pouquinho. Segundo os dados do processo, a Odebrecht fez uma reforma no sítio em que teria gasto 700 mil reais. Ninguém, naquela época, nem comentou com o senhor a respeito dessa reforma?
Não. Não, porque quando eu conheci o sítio, ou seja, o sítio já não tinha reforma. O sítio estava pronto.
Tá. Os executivos da Odebrecht, senhor Alexandrino e outras pessoas falaram que existia, na época, uma conta junto com o PT, de propinas que eram recolhidas nos contratos públicos celebrados da empreiteira com o Governo. Ou estatais, ou direto. O senhor em algum momento teve conhecimento disso enquanto era Presidente ou após a Presidência?
Na verdade, doutora, essa é a senha que foi criada no Power Point. É por isso que vejo as pessoas falarem: “Não, porque foi um caixa geral...” Qualquer coisa é caixa geral. Quer dizer, se construiu uma mentira, eu não sei se do empresário ou de quem quer que seja, e a a tentar jogar nas costas do PT a responsabilidade por tudo que aconteceu nesse país. A única coisa que tenho a tranquilidade é de dizer que eu não sei quanto custou, quem fez, porque fez. Quem pode dizer isso é quem é o dono do sítio.
Eu vou interromper o áudio.
O Ministério Público perguntou se o depoimento do tríplex pode ser aproveitado que ele vai diminuir as perguntas que tem que fazer, ou se quer que refaça, doutor?
Não entendi.
Se o depoimento que o senhor prestou, na ação do tríplex, pode ser reaproveitado nessa ação, ou se o senhor quer que refaça todas as perguntas, o Ministério Público perguntou.
>> Ele já foi aproveitado uma vez no Instituto Lula.
C.Z.M: Excelência, essa é uma nova ação penal, então, eu acredito que o depoente deve ter oportunidade.
Não, não estou impedindo-o de falar, eu estou perguntando se a gente pode aproveitar porque já foi aproveitado na outra.
C.Z.M: A defesa técnica se opõe a esse aproveitamento.
>> Por qual motivo, doutor? Senão o Ministério Público vai requerer...
C.Z.M: A defesa técnica se opõe. E eu me reservo no direito de não debater com o senhor sobre esta questão.
>> Ok. O Ministério Público requer o aproveitamento.
Tem alguma coisa que o senhor falou nas outras duas vezes que o senhor foi ouvido perante o juízo que o senhor queira corrigir ou reformular a resposta?
Eu só quero falar depois do...
Estou perguntando só se o senhor quer corrigir alguma coisa que o senhor já falou perante esse juízo. Então vai ser parte desse processo porque a própria defesa do Presidente pôde exercer o contraditório. Se fosse uma defesa que não exercesse o contraditório, tudo bem. Mas vai ser usado também.
>> Fique consignado o protesto da defesa quanto à violação dos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório.
Exatamente. Este está sendo observado, porque os senhores puderam perguntar tanto naquele processo quanto neste, e o réu, que foi réu nos três processos, tendo algumas imputações parecidas, semelhantes em comum, disse que não quer corrigir nada do que ele falou nos outros depoimentos.
>> Só acrescentar, Excelência, que já foram aproveitados vários depoimentos, e o juízo não impediu de perguntas complementares. Então isso não gera prejuízo.
Isso sempre vai ser permitido.
>> Aproveitando só o ensejo, e pra encerrar, eu pediria à Vossa Excelência, sempre com o maior respeito, que fosse permitido, ao interrogando, terminar as suas exposições, porque eu estou vendo, e até tive a curiosidade de fazer uma estatística aqui, do tempo gasto no interrogatório, ele só falou 40% do tempo gasto. Então, eu queria pedir à Vossa Excelência que permitisse que ele concluísse.
Vou permitir que conclua as respostas, doutor, mas se ele desviar do tema, eu vou interromper. Já deixo registrado aqui.
>> Está certo.
Continuando a relação da Odebrecht e os pagamentos, eles não mencionaram só a conta ao PT, eles mencionaram também que existia pagamentos a outros partidos, pessoas de outros partidos também já foram condenados perante esse juízo e outros juízos. Eles falaram que tinha uma conta e um contato com o senhor Vaccari. O senhor Marcelo disse que tinha um contato com o senhor Palocci. O senhor não tinha conhecimento de nada disso?
O que eu sei, na verdade, é o que a imprensa publica todo dia. Ok? Eu nunca soube, porque...
O senhor nunca soube de pagamento de vantagem indevida, de percentual de contrato...?
Nunca soube porque, quando eu vejo na televisão, ou no jornal, alguém dizer que tinha uma conta no meu nome, sabe? Sem que eu soubesse da conta, no mínimo alguém achou que eu sou um imbecil.
Ok. Com relação às reformas feitas pela Odebrecht, o senhor Fernando Bittar, ao final da obra, teria, segundo o senhor Engenheiro Emyr Costa, tido que um contrato de prestação de serviço, foi emitida uma nota fiscal...
[manifestação fora do microfone]
Foi emitida uma note de prestação de serviço em nome do senhor Fernando Bittar. O senhor soube alguma coisa em relação a isso?
Não sei, não sei.
O senhor Emyr Costa falou que foi pedido... Alexandrino pediu pro Carlos, que pediu pro Emyr, que pediu para o Frederico acompanhar essa obra. São todas pessoas da Odebrecht. O senhor Emyr disse que o senhor Frederico, que acompanhou essa obra, antes de ir ver a obra do sítio, o que precisava fazer, foi ao apartamento do senhor, em São Bernardo do Campo, para verificar uma infiltração, vazamento que tinha lá, e depois disso foi ao sítio. O senhor soube dessa visita do engenheiro Frederico ao seu apartamento?
Não. Não.
O Alexandrino alguma vez te falou de visitas ao seu apartamento?
Nunca. Nunca.
O senhor soube que o senhor Roberto Teixeira fez os contratos de aquisição do sítio e depois auxiliou na questão da regularização da obra?
Como advogado, ele pode ter sido chamado pra dar palpite. Ele é advogado, é quem sabe como é que faz isso.
Não, eu só perguntei se o senhor sabia.
Eu não sabia.
O senhor não sabia da participação do senhor Roberto Teixeira?
Não.
O senhor Emyr
Quem que é o Emyr?
O engenheiro da Odebrecht que era responsável por uma obra em São Paulo, próxima ao sítio, que foi a pessoa que foi requerida ao acompanhamento dessa obra. E que indicou Frederico para acompanhar. Finda a obra, segundo o senhor Alexandrino, ele foi chamado pelo senhor Roberto Teixeira para tentar regularizar essa construção e solicitou o Emyr, Emyr disse que conversou com o senhor Roberto Teixeira para regularizar, que entregasse a ele as notas de aquisição materiais e que entregasse a ele um contrato de prestação de serviço, ou que fosse feita uma nota fiscal de prestação de serviço. Algumas dessas notas que o senhor Emyr disse ter entregue ao senhor Roberto Teixeira, foram encontradas no seu apartamento, em São Bernardo. Notas fiscais relativas à reforma feita pela Odebrecht. O senhor sabe dizer por que foram encontradas notas fiscais relativas a essa reforma, inclusive uma nota, emitida em nome de um engenheiro da Odebrecht, foi encontrada no seu apartamento quando da busca e apreensão?
Olha, primeiro eu não sei se foi encontrado no meu apartamento. Eu estou sabendo disso agora. Segundo, quem deve saber de nota, se a senhora está dizendo, é o Roberto Teixeira, que conversou com o Alexandrino.
Mas estava no seu apartamento, e o senhor só está sabendo agora, a defesa não lhe informou das provas que tem contra o senhor?
Eu nunca soube de nota de obra na minha casa.
É que isso consta da denúncia, então, a princípio, achei que o senhor sabia das provas que têm contra o senhor, na denúncia. O senhor não sabe?
Não.
Então, foi encontrada uma nota, o senhor não sabe... O senhor não vê razão para uma nota de reforma feita pela Odebrecht...
Quem sabe se tivessem perguntado para o Roberto Teixeira, ele saberia da nota, se foi ele quem acertou com Alexandrino.
É que não foi encontrado no escritório do senhor Roberto. Foi encontrado na sua casa. O senhor não sabe dizer por que estava na sua casa?
Não sei.
As notas que foram encontradas na sua casa relativa à aquisição de capa para piscina, ou algum outro objeto do sítio, o senhor confirma que eventualmente tenham comprado alguma coisa para o sítio?
Acho que é possível que a dona Marisa tenha comprado a capa. Porque a dona Marisa...
Aquelas coisas que são faladas até na imprensa, tenho evitado de ver jornal...
>> Doutor, ela está inquirindo, a Excelência está inquirindo, o senhor está interrompendo a o depoimento da juíza toda hora, doutor. Estamos em uma audiência, você está interrompendo Vossa Excelência toda hora.
Eu acho que a dona Marisa tinha interesse de comprar a capa, porque as crianças, sobretudo neto, ainda que nem andava, frequentava.
Uhum. Porque vocês frequentavam o sítio, ela pode ter comprado...
Pode, pode.
Pedalinho, barco, ou alguma coisa, porque vocês usavam...
Pedalinho foi ela que comprou mesmo.
Ok. O senhor sabe dizer, então, já que o senhor tocou nesse assunto, outros bens que o senhor tenha comprado, ou dona Marisa tenha comprado para o sítio?
Não.
O senhor sabe que pode ter sido comprado, porque usava.
Pode.
Ok. Mas com relação à reforma da Odebrecht, que, segundo eles, foi de R$ 700 mil, o senhor não sabe dizer nada?
Eu não sei porque eu nunca discuti e ninguém tem obrigação de discutir comigo nem sítio, nem obra. E que, quando conheci o sítio, já foi no dia 15 de janeiro de 2011, que não tinha mais obra para fazer.
E poderiam essas obras terem sido entregues à dona Marisa?
Se estavam lá em casa, poderia.
Ok, mas o senhor não sabia que tinham notas encontradas lá?
Não sabia.
Ok. Os e-mails que são mencionados, na denúncia, também, que foram encaminhados ao Instituto Lula, do sítio, o senhor tomou conhecimento desses e-mails?
Quais são os e-mails?
“Morreu mais um pintinho essa noite”; “Caiu dois gambás”, 05 de outubro de 2014...
C.Z.M: Vossa Excelência pode identificar para o depoente quem são as Partes envolvidas nesse e-mail? Porque ao que me consta, o depoente não está dentre as pessoas envolvidas nesse e-mail. Nem como originador, nem como destinatário.
Não está, e eu já li o depoimento que ele disse em outra ação penal, que ele diz que não usa e-mail. Por isso estou perguntando se ele teve conhecimento.
C.Z.M: Certo. Só para esclarecer, porque a referência, às vezes, não permite.
Ele falou em outro depoimento, e eu li os dois depoimentos que ele deu, até porque achei que a gente pudesse aproveitar, sem mais questionamentos, que ele falou que não usava e-mail. Ele foi orientado a não usar e-mail.
Não usava e não uso. Não uso.
E não usa até hoje. Então, com certeza, o e-mail não foi direcionado a ele. O que eu perguntei não foi se ele recebeu o e-mail, eu perguntei se ele tomou ciência do e-mail.
C.Z.M: O único pedido da defesa feito à vossa excelência é que pudesse efetivamente indicar qual é o e-mail, quem mandou o e-mail e para quem foi mandado. Apenas para que possa ser esclarecido.
Maradona encaminha para o Instituto Lula, em 5 de outubro de 2014... os que estão relacionados na denúncia. Em 5 de agosto de 2014, o e-mail de Maradona que é o chacareiro do sítio, para o Instituto Lula; em 23 de outubro, o Maradona encaminhou outro e-mail. Esses e-mails que estão relacionados... eu não estou com a numeração da página. Em 5 de outubro, por exemplo, ele fala essa questão do pintinho, que caiu dois gambás nas armadilhas. No dia 23 de outubro, de novo o Maradona, chacareiro, manda para o Instituto Lula, “a perua esmagou três pintinhos e o pavão que estava com ela”. Esses e-mails encaminhados para o Instituto Lula, alguém do Instituto Lula geria o sítio?
Sabe por que que ele deve ter enviado para o Instituto Lula? Porque eu ficava no Instituto Lula. E quem recebia essas coisas era para que os seguranças levassem para a dona Marisa. Porque, pelo que me consta, eu nunca tive preocupação se a galinha comeu um gambá, ou o gambá comeu a galinha. Isso não era o meu problema. Não.
Então, assim, se alguém quisesse mandar uma informação para a dona Marisa ou para o senhor, eles mandariam e-mail para uma terceira pessoa próxima do senhor.
Para uma pessoa. Acho que normalmente para o segurança. Que era o segurança que me levava em casa todo dia.
Tá. Com o Maradona o senhor chegou a falar alguma questão do sítio?
Não.
Não? Com relação à segunda, terceiro e último ponto relativo à lavagem de dinheiro, que aí é mencionada a relação que o senhor tem com a OAS. A reforma da cozinha do sítio. O senhor Léo Pinheiro foi ouvido essa semana e disse que a reforma da cozinha foi custeada pela OAS, dentro de um programa que eles tinham, uma conta geral que eles tinham com o Partido dos Trabalhadores, que era istrada pelo senhor Vaccari, e que dessa mesma conta geral teria saído a reforma do apartamento triplex e dessa cozinha do sítio de Atibaia. O senhor sabe dizer quem reformou, por que reformou, quem custeou?
Vocês fizeram perguntas ao Vaccari? Porque é muito difícil para mim vir aqui e alguém perguntar que o Léo disse que falou com o Vaccari.
O que eu estou falando é que isso aconteceu.
Que disseram que aconteceu.
Então, eu estou falando que ele falou que aconteceu. Eu estou perguntando se isso é verdade, e se o senhor sabia, o senhor nega...
Eu nego veementemente.
C.Z.M: Permita só uma questão de ordem, Excelência. Vossa excelência disse que o Vaccari foi ouvido.
Nessa ação não.
C.Z.M: Nessa ação não, correto?
Nessa ação não.
C.Z.M: Na verdade, na outra ação penal foi juntada uma declaração pela defesa do senhor João Vaccari Neto, que foi inclusive desconsiderada pelo Tribunal.
O senhor não sabia dessa conta geral e nega a existência dela?
Eu nego a existência dela. Até que me prove o contrário.
Quem fez essa reforma da cozinha, o senhor sabe dizer?
Eu não sei quem fez a reforma da cozinha. O que eu sei é que foi discutido entre o Fernando, a mulher do Fernando e a dona Marisa que era preciso tentar ver se aumentava a cozinha que a cozinha estava pequena.
A OAS pagou por essa cozinha, algumas pessoas aqui foram ouvidas da empresa Kitchens, relatando que o senhor Paulo Gordilho, que era funcionário da OAS à época, foi até lá, fez essa contratação, os valores foram pagos em espécie; há vários documentos relacionando esses pagamentos à OAS, além dos depoimentos do pessoal da Kitchens e o pessoal da OAS. O senhor sabe por que a OAS pagaria essa cozinha?
Não sei. E o que eu sei é que a dona Marisa, efetivamente, depois da discussão a dona Marisa tinha uma cozinha pronta. Eu lembro de uma conversa da Marisa, da Lilia, em que a Marisa falava “eu tenho uma cozinha pronta. Tenho coisas prontas que quero trazer pra cá, para a gente utilizar”. Já que isso aqui, sabe, nós vamos utilizar por muito tempo, vamos ficar aqui. E vamos utilizar. E o que falaram para ela é “não, isso aqui vai num pacote, isso aqui é muito barato”.
Então o senhor tomou parte dessas conversas?
Eu fiquei sabendo dessa conversa, de que a dona Marisa não queria colocar nada novo na cozinha.
E quem que ela disse que iria colocar no lugar dela? Já que ela tinha as coisas dela, mas alguém quis colocar coisas novas, ela te falou...
Entenda, entenda. A OAS estava oferecendo, através do Paulo Gordilho, um pacote de mobília para a cozinha.
Por quê?
Não sei porquê. Precisa perguntar para o Léo. A dona Marisa se recusou dizendo que ela tinha as coisas prontas.
A dona Marisa se recusou, mas foi feita a cozinha.
Foi feito.
O senhor não achou estranho, não tentou buscar a OAS para ressarcir esses valores?
Eu trabalho com a ideia de que alguém pagou. Ou a Marisa ou Fernando Bittar pagaram.
O Fernando falou que entendeu que o senhor e a senhora Marisa iam pagar. O senhor pagou?
Eu não paguei, porque eu não conversei com ele sobre isso.
Mas o senhor soube que eles instalaram essa cozinha, e o senhor não estranhou que a OAS estava montando uma cozinha Kitchens de alto valor...
Primeiro porque, veja, nós estamos falando de 2014.
Sim.
Eu não era mais Presidente da República, eu não tinha... nem disputava mais eleições quando foi feito. Eu sempre parti do pressuposto de que o cara fez um serviço porque o cara recebeu o serviço. Ou Fernando pagou ou a Marisa pagou. O Léo poderia ter dito para alguém ou cobrado de alguém.
Mas o senhor não estranhou uma grande empreiteira fazendo reforma de uma cozinha do sítio que o senhor usa?
Não estranhei porque não era uma grande empreiteira fazendo uma reforma. Tá? Era uma pessoa com quem eu tinha relação há mais de 20 anos fazendo uma coisa, sem dizer, sem falar de caixa geral, que eu estou sabendo agora, e acho que ele tinha cobrado. Porque ou ele ou a empresa que fornece para ele...
E que além da Kitchens ter instalado, ele falou que teve funcionários da OAS que quebraram parede, que assentaram azulejo. O senhor não viu isso?
Eu não fui no sítio enquanto o sítio estava em reforma.
Tá. Então o senhor não estranhou, mas também não pagou nem o senhor, e o senhor não sabe de a dona Marisa ter pago à OAS essa cozinha?
Não sei.
O senhor Fernando falou aqui, que ele até se assustou, que ele ficou sabendo que a cozinha da Kitchens, a parte dos armários e equipamentos da Kitchens custou 170 mil reais, porque ele foi fazer nota fiscal lá estadual, pedir ressarcimento, aqueles programas de devolução de valores pelos gastos que se tem, e estava no F dele essa cozinha de R$ 170 mil, e ele se assustou porque ele não teria lastro para fazer essa despesa. Quando ele quis fazer a reforma, ele programou R$ 30 mil, R$ 40 mil, mas que dona Marisa não concordou e que ela falou que resolveria isso. O senhor sabe alguma coisa disso?
Eu não sei, mas posso dizer para a senhora, se o Fernando se assustou com aquilo lá custando 170 mil reais, a dona Marisa surtava.
Mas o senhor Fernando falou que isso foi ado para a senhora Marisa.
O Fernando falou? Ele falou. Como a dona Marisa não está aqui, o que eu posso dizer é o seguinte: Já está aí outro depoimento também. A minha relação familiar era uma relação muito pública e muito aberta. Desde 1975 que eu não cuido de nada na minha casa, relativo a pagar conta, a comprar coisa. Tá? Fiz isso porque eu acho que... abri minha conta no nome da Marisa que era para ela cuidar, porque eu tinha confiança total, ele era muito responsável, sabe? E não acredito que a Marisa tenha feito alguma coisa que possa resultar e ela não pagar alguém. Se ela não pagou é porque alguém convenceu ela de que não precisava receber.
Então o senhor não vê razão para a OAS ter pago, mas o senhor ficou sabendo que eles pagaram?
Eu não vejo razão.
Mas o senhor ficou sabendo que eles pagaram?
Eu não fiquei sabendo que eles pagaram, eu fiquei sabendo que estavam lá os móveis.
Mas quem teria pago se não foi dona Marisa?
[Luiz Inácio Lula da Silva]: Não sei, porque eu nunca discuti com ninguém.
E o senhor não estranhou, então, que a OAS, uma grande empreiteira, montasse uma cozinha no sítio? O senhor Paulo Gordilho?
C.Z.M: A senhora está repetindo a pergunta.
Não foi a OAS que fez. Quem disse que fez a empresa foi o Léo.
Mas o Sr. Paulo Gordilho não conversou com o senhor sobre isso?
Conversei com o Paulo Gordilho.
O Paulo Gordilho teria pago?
Não falei com o Paulo Gordilho se ia comprar móveis ou não. O Paulo Gordilho foi fazer uma reforma na cozinha, que era para ampliar a cozinha. Essa questão de fazer móveis, ou comprar, já é por conta deles. Eu não sei o que eles conversaram com a dona Marisa, eu não sei o que eles conversaram com o Fernando. O dado concreto é que, para mim, tudo isso estava muito resolvido, porque nunca ninguém, nem seu Léo, nem Paulo Gordilho, nem o Fernando, nem a dona Marisa me disse qualquer pagamos: “Pagamos, ou, não pagamos, recebeu, não recebeu.” O mais interessado em dizer que não tinha recebido era o Léo. Agora é muito cômodo jogar a culpa em cima de um tal de um caixa geral, para culpar o Vaccari. Duvido.
Com relação a essa questão do Paulo Gordilho, o senhor falou que o senhor não sabia dos armários, mas sabia dessa reforma. Ele chegou a fazer projeto, mostrar para os senhores?
Deve ter tido projeto.
O Paulo Gordilho fez?
Doutora, eu não sei se o Paulo Gordilho, porque eu não estava em todas as vezes que ele pode ter ido lá. E, também, a senhora sabe que, não sei se a senhora é casada, mas seu marido entende pouco de cozinha, como eu. Eu não discuto cozinha, e, portanto, não era comigo esse assunto.
Ok. Com relação às visitas que o Paulo fez ao sítio, para verificar o que tinha que ser feito, o senhor estava junto?
Tive em uma reunião lá.
No sítio, junto com o Paulo? Quem mais estava lá?
O Paulo e o Léo. Eu, o Fernando, meu filho, a dona Marisa. Foi um sábado de manhã.
E eles lhe explicaram o que iam fazer?
Não.
Eles foram lá a convite de quem?
Eu... Eles estavam lá por causa de um vazamento em um lago. Porque eu e Fernando estávamos com medo que estourasse, eles foram lá. O lago, graças a Deus, não era nada.
E eles foram lá pela amizade, para dar uma consultoria?
Só pode ter sido pela amizade. Porque... Para saber o que era. Até para alguém dizer se era grave, ou não, a possibilidade.
E dessa vistoria do lago, para reforma da cozinha, foi na mesma data que se decidiu?
Não sei se foi na mesma data. Sei que foi uma conversa entre... acho que a Lilian, acho que a Marisa... Não sei se o Fernando.
O senhor nega conhecer que havia pagamento de propina nos contratos da Petrobras... O senhor nega saber que existia...
Nego assim, não acredito...
O senhor não acredita, mas teve... Foi lhe dito nos outros depoimentos a quantidade de valores que foram devolvidos por diretores e gerentes da Petrobras, relativos à propina, e os valores e contas bloqueadas no exterior, de políticos, relacionados à propina que foram vinculados ao contrato.
Aí é caixa deles. Porque, na verdade, eles ganharam um prêmio. Nunca foi tão fácil ser ladrão nesse país. Você rouba, depois você faz uma delação e fica com um terço do roubo, ou dois terços do roubo.
Mas então aconteceu? Se não houve pagamento de propina, de onde vieram os valores devolvidos?
Quero saber se encontraram o dinheiro do Vaccari no exterior. Eu quero saber se encontraram do PT no exterior. Por isso, quando um cidadão vem aqui, acusado, fazendo delação, que grita: “Olha, era tudo do caixa do PT.” Ele está mentindo!
Quando se vincula pagamento no exterior ao publicitário contratado pelo PT, o senhor não vê vinculação em uma coisa com a outra?
Eu não tenho vinculação de uma coisa com a outra.
Não estou falando que o senhor tem. Estou falando em relação às propinas que são imputadas ao partido.
Veja, se o empresário resolveu corromper alguém e depositar o dinheiro a pedido do cidadão que tinha direito aquele dinheiro, no exterior, é um problema dele. Paga pelo erro. Até porque agora a Medida Provisória aprovada o ano ado anistiou todos os ladrões que depositaram dinheiro lá fora. Todo sonegador que colocava dinheiro lá fora foi anistiado. Então, o que eu quero é o seguinte, toda vez... É a segunda vez... Aqui vem um cidadão prestar depoimento, o Léo veio aqui uma vez e falou: “Foi caixa do Vaccari.” O Vaccari fez uma carta desmentindo, o Juiz moro não aceitou. Agora vem outra vez: “Vai para o caixa dois.” Ora, o caixa dois virou um pote de água benta. E o Vaccari está aqui perto. É só trazer o Vaccari para ele dizer se houve ou não.
É que ele é réu, ele vai se incriminar, então, ele tem o direito de mentir ou de ficar em silêncio, senhor ex-presidente.
Pergunta para o Vaccari se ele quer falar. O Léo também é réu. O Léo está há dois anos, isso a imprensa diz fartamente, o Léo está há dois anos tentando negociar uma delação. E não aceita porque: “Ô Léo, ou você acusa o Lula de verdade, ou você nunca vai ter delação.” Foi feito assim com o Palocci, foi feito aqui com muita gente.
A defesa do senhor Léo...
C.Z.M: Excelência, pela ordem, a questão do senhor Léo Pinheiro... Desculpa, do senhor João Vaccari, como foi dito pelo senhor ex-presidente, há uma declaração...
Mas ele está envolvido nos fatos. Ele pode se autoincriminar. Ele tem o direito a mentir ou ficar em silêncio, doutor.
C.Z.M: Vossa excelência não pode presumir. Até porque, me permita concluir, existe, inclusive, uma decisão do Tribunal absolvendo o senhor João Vaccari, em relação a alguns dos contratos que estamos discutindo nesta ação. Então Vossa Excelência não pode inverter isso, ao contrário, existe uma decisão de absolvição em relação a contratos específicos dessa ação.
>> Pela Ordem, Excelência, nós estamos perdendo tempo porque ele, oportunamente, podia ter arrolado-o como testemunha.
Todos podem mentir, por isso precisa de prova de corroboração.
A única coisa que gostaria era que se o nome do Vaccari foi citado, que ele viesse, igual o acusador, a prestar o depoimento.
A sua defesa técnica pode requerer na fase 402. Isso pode ser requerido pela sua defesa técnica na fase 402, e será avaliada a pertinência. Vou ar a palavra ao Ministério Público Federal.
>> Boa tarde, senhor ex-presidente. Em depoimento prestado nos autos, várias pessoas relataram que o senhor acolheu o senhor Jacó Bittar no Palácio da Alvorada algum tempo. O senhor poderia estimar quando isso ocorreu, por gentileza?
Eu não acolhi o Jacó Bittar no Palácio da Alvorada.
>> Só adianto que isso não tem nada de errado, senhor presidente.
Posso explicar?
>> Sim.
Porque eu estou percebendo que meia palavra não é suficiente, tem que dizer umas coisas inteiras. O Jacó Bittar é meu amigo, e a família dele é minha amiga, desde 1975. Conheço a molecada. O Fernando acho que tinha cinco anos de idade ou menos até quando eu o conheci. Depois o Jacó Bittar me ajudou a fundar o PT, me ajudou a fundar a CUT, depois Jacó Bittar... Eu ia muito na casa do Jacó Bittar, ele ia muito na minha casa, e tal. Depois eu virei Presidente da República. Teve momento em que o companheiro Jacó Bittar saiu do PT. Ele foi Prefeito de Campinas. Ele saiu do PT e foi para o PSB, foi para o PDT, e houve um rompimento político. Sabe? A gente deixou de conversar. Mas os filhos, os meus filhos e do Jacó sempre continuaram com a mesma relação. Seja com os dois filhos, seja com a filha, e a Marisa com a mulher do Jacó Bittar, a mesma relação. Depois o Jacó Bittar se separou, estava morando sozinho, teve uma doença grave, eu não sei se é enfisema, coisa assim. O Jacó Bittar, em um aniversário meu, foi a Brasília. Fazia tempo que não via o Jacó Bittar. Eu o senti muito combalido, muito doente, falei: Jacó, dorme aqui, acho que era uma sexta-feira, dorme aqui, vamos conversar um pouco. O Jacó ficou, nós conversamos sábado, conversamos domingo, e aí o Jacó Bittar ou a ser convidado por mim para ir lá em casa para a gente jogar buraco, para gente jogar mexe-mexe, para a gente tomar uma cerveja. Ele ou a suprir uma deficiência da relação da dona Marisa com a minha viagem de cada vez de final de semana, e minha para conversar. Então, a gente tinha essa relação muito forte, de muito companheirismo, de verdade. Uma pena que ele agora está com mal de Parkinson em um estágio avançado. Essa é a minha relação com Jacó Bittar.
>> Senhor ex-presidente.
Então, só para concluir, o Jacó Bittar não foi acolhido, ele chegou a ar semana lá.
>> Isso. Em que época que aconteceu, que ele ficou lá com você ando ou uma semana, ou algumas semanas, eu não sei?
Eu... Isso foi me parece que dois mil e... foi a partir de 2005, 2006, por aí.
>> Ok. O depoimento prestado aqui nos autos, inclusive hoje, o senhor Bumlai falou que, por volta de agosto de 2010, o senhor Jacó Bittar manifestou interesse em comprar um sítio, porque ele queria que, em alguns depoimentos também, reunir as famílias. Dentro desse contexto de amizade com o senhor, vocês chegaram a conversar sobre isso em algum momento?
Não. É isso que eu fulo da vida, porque como é que as pessoas decidem... O Zé Carlos Bumlai conversou com o Jacó Bittar, o mínimo que eu esperava é que ele falasse pra mim: “Olha, você vai comprar um sítio para quê">var Collection = { "path" : "commons.uol.com.br/monaco/export/api.uol.com.br/collection/noticias/politica/data.json", "channel" : "politica", "central" : "noticias", "titulo" : "Política", "search" : {"tags":"28132"} };