Advogado ligado a Lula pediu R$ 800 mil em espécie após venda de terreno, diz primo de Bumlai
Em interrogatório nesta quarta-feira (6) ao juiz federal Sergio Moro, que cuida dos processos da Operação Lava Jato na primeira instância, o empresário Glaucos da Costamarques afirmou que o advogado Roberto Teixeira pediu que ele pagasse R$ 800 mil, em espécie, ao Instituto Lula. Costamarques é primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Costamarques, Lula, Teixeira e mais cinco pessoas são rés no processo sobre um esquema de corrupção envolvendo oito contratos entre a Petrobras e a Odebrecht. Segundo a denúncia do MPF (Ministério Público Federal), parte do valor desviado teria sido lavada a partir da compra de um terreno que seria sede do Instituto Lula e o empresário seria um laranja.
Ainda ontem, também foi interrogado o ex-ministro Antonio Palocci, outro réu no processo. Ele disse que a empreiteira Odebrecht fez um "pacto de sangue" com o PT e ofereceu R$ 300 milhões a Lula.
Segundo Costamarques, Bumlai (que já foi condenado por Moro a nove anos e dez meses de prisão) disse a ele que Roberto Teixeira teria um “negócio bom”. O advogado, então, teria falado a Costamarques sobre um terreno em São Paulo que, por causa de disputas judiciais entre membros de uma família e dívidas, poderia ser comprado a um preço interessante. “Você pode comprar ele barato e ainda vender barato, e ganhar dinheiro”, Teixeira teria falado ao empresário.
Em função dos entraves, Teixeira disse que poderia liberar o terreno para que Costamarques fosse ao mercado procurar um novo comprador para a área em um período de seis meses. Mas, antes disso, Teixeira disse que já possuía um interessado. Tratava-se da DAG Construtora, que, por sua vez, gostaria de comprar o terreno em função de um desejo da empreiteira Odebrecht, como relatou o dono da empresa, Demerval Gusmão, outro réu no processo, a Moro.
Costamarques, então, fez uma cessão do seu direito de compra do terreno para a DAG. Essa transação rendeu R$ 800 mil ao empresário, que tinha a intenção de pagar cerca de R$ 7 milhões pela área. Para a DAG, o preço giraria em torno de R$ 8 milhões. Dessa diferença, viria o ganho de Costamarques, que, segundo seu relato, apenas depois de ter assinado o contrato com a DAG que soube que o terreno serviria ao Instituto Lula. Ele ainda afirma que não sabia da relação entre a DAG e a Odebrecht.
“Algum tempo depois, o Roberto Teixeira falou: 'Ó, Glaucos, você podia devolver esse lucro que você teve para o Instituto Lula'”, disse o empresário a Moro. “Aí eu fiquei revoltado”.
Costamarques falou sobre isso com seu primo Bumlai. “Ele falou: 'Não posso me indispor com esse pessoal. Faz isso por mim'”. O empresário, então, aceitou pagar a Teixeira, mas não o valor integral. Ele descontou o imposto sobre R$ 800 mil do lucro com a transação imobiliária e ofereceu R$ 650 mil.
Ao ser avisado sobre o pagamento, o advogado disse que ele deveria ser feito em dinheiro. “Falei com Zé Carlos [Bumlai] de novo: ‘que negócio é esse">var Collection = { "path" : "commons.uol.com.br/monaco/export/api.uol.com.br/collection/noticias/politica/data.json", "channel" : "politica", "central" : "noticias", "titulo" : "Política", "search" : {"tags":"28132"} };