Ex-presidente da OAS mente para ter delação aceita, diz defesa de Lula
O advogado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Cristiano Zanin, disse nesta quinta-feira (20) que o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, mentiu em seu depoimento ao juiz Sergio Moro hoje.
"Léo Pinheiro no lugar de se defender em seu interrogatório, hoje, na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, contou uma versão acordada com o MPF como pressuposto para aceitação de uma delação premiada que poderá tirá-lo da prisão", diz a nota de Zanin.
"Perguntado sobre diversos aspectos dos 3 contratos que foram firmados entre a OAS e a Petrobras e que teriam relação com a suposta entrega do apartamento a Lula, Pinheiro não soube responder. Deixou claro estar ali narrando uma história pré-definida com o MPF e incompatível com a verdade dos fatos", acrescenta o advogado do ex-presidente.
Léo Pinheiro disse, em depoimento a Moro, que o apartamento tríplex no edifício Solaris, no Guarujá, é de Lula e que o petista pediu para que destruísse possíveis provas de pagamentos ilícitos da OAS ao PT. Segundo o ex-presidente da construtora, essas transações correspondiam a uma propina de 1% sobre o valor “das obras em que nós tínhamos esse tipo de acerto.”
A declaração foi dada ao magistrado dentro de ação penal da Operação Lava Jato em que Pinheiro e Lula são réus por ocultação de bens. Segundo Pinheiro, o imóvel nunca foi colocado à venda por estar reservado para a família de Lula.
"Nunca [o tríplex] foi colocado à venda pela OAS. Eu tinha a orientação para não colocar à venda, que pertenceria à família do presidente. Em 2009, foi dito pra mim: Essa unidade, não faça nenhuma comercialização sobre ela, ela pertence a família do presidente.”
A denúncia do MPF (Ministério Público Federal) acusa Lula de ser o real dono de um apartamento tríplex no edifício Solaris, no Guarujá (SP), construído pela OAS e do qual a empresa é dona no papel.
Delação cancelada após vazamento
Em agosto do ano ado, a PGR (Procuradoria-Geral da República (PGR) suspendeu as negociações do acordo de delação premiada com o empresário após trechos da suposta delação terem vazado para a imprensa.
O empresário havia assinado um termo de confidencialidade, uma etapa inicial do processo de colaboração. Na época, uma reportagem da revista "Veja" afirmava que Léo Pinheiro teria citado, nas negociações do acordo, o nome do ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal). Segundo a revista, o executivo relatou que engenheiros da OAS teriam feito uma vistoria na residência de Toffoli, em área nobre de Brasília para resolver um problema de infiltração.
Desde então, Pinheiro vem tentando retomar os acordos de colaboração premiada.