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EUA: Dezenas de pacientes vivos quase tiveram órgãos retirados para doação

Imagem: rubberball/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

12/06/2025 05h30

Uma investigação federal revelou que dezenas de pacientes nos EUA apresentavam sinais de consciência momentos antes de terem seus órgãos retirados. Em um dos casos, um homem despertou pouco antes de os aparelhos serem desligados. As informações são do jornal americano The New York Times.

O que aconteceu

Homem despertou antes de doação de órgãos em hospital no Kentucky (EUA). Incidente ocorreu há quatro anos, mas investigação federal trouxe à tona. Naquele ano, o paciente em questão começou a chorar, encolher as pernas e balançar a cabeça pouco antes de ter seus aparelhos desligados, mas ainda assim os médicos queriam continuar com o procedimento de doação de órgãos, de acordo com o jornal.

Dezenas de outros doadores em potencial teriam sofrido o mesmo. A investigação analisou cerca de 350 casos em que os planos de remoção de órgãos foram cancelados, todos no estado do Kentucky, nos últimos quatro anos. A conclusão mostrou que em 73 dos casos, os médicos deveriam ter parado o procedimento antes, porque os pacientes tinham altos níveis de consciência ou de melhora.

Mesmo sem as cirurgias, pacientes sofreram. De acordo com o jornal, a investigação afirmou que múltiplos pacientes mostraram sinais de dor ou sofrimento enquanto estavam sendo preparados para o procedimento.

Alguns pacientes chegaram a morrer horas depois. Outros se recuperaram e conseguiram deixar o hospital.

Entenda prática investigada

Pacientes ainda têm sinais vitais quando processo começa. Em doações normais de órgãos, o doador tem morte cerebral. Entretanto, a prática usada por organizações investigadas é feita com pacientes que têm ainda alguma função cerebral, mas estão na UTI e sem perspectiva de recuperação, geralmente em coma.

Prática é chamada de "doação após morte circulatória". Investigação mostrou que mais da metade dos transplantes realizados pela organização de doações de órgãos do Kentucky eram de pacientes com morte circulatória —índice superior à média nacional.

Organização pressionava famílias e desconsiderava sinais clínicos. A Kentucky Organ Donor s, hoje chamada Network for Hope, foi acusada de pressionar parentes e tentar assumir decisões médicas mesmo diante de indícios de consciência nos pacientes.

Drogas mascaravam condição neurológica dos pacientes. Investigadores apontaram que medicamentos ou substâncias ilegais podiam mascarar o verdadeiro estado neurológico dos pacientes, que poderiam estar mais lúcidos do que pareciam.

Investigações e novos protocolos

Agora, os hospitais terão que revisar protocolos de doação e oferecer treinamento obrigatório a funcionários. A istração de Recursos e Serviços de Saúde, ligada ao Departamento de Saúde, que supervisionou a investigação, exigiu que as instituições envolvidas reforcem a avaliação do estado de consciência dos pacientes antes de qualquer retirada de órgãos. Equipes das organizações de captação de órgãos precisarão ar por capacitação para reconhecer sinais neurológicos sutis e efeitos de sedativos ou drogas.

Famílias devem receber informações mais claras. As comunicações com parentes dos pacientes deverão ser revistas, garantindo que os familiares compreendam plenamente a situação clínica e os riscos do procedimento.

Casos com sinais de consciência devem ser imediatamente suspensos. As novas diretrizes reforçam que qualquer indício de melhora no estado de consciência exige a paralisação imediata do processo de doação.

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