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Eleições 2022

Pedindo R$ 13, Lula lidera vaquinha presidencial, mas campanha é 99% fundão

Lula em evento com assistentes sociais no Palácio do Trabalhador, em São Paulo, em 5 de setembro - Divulgação/Ricardo Stuckert — Lula em evento com assistentes sociais no Palácio do Trabalhador, em São Paulo, em 5 de setembro Imagem: Divulgação/Ricardo Stuckert

Do UOL, em São Paulo

22/09/2022 04h00

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o candidato ao Planalto que mais levantou, até o momento, recursos para a campanha com um tipo de arrecadação ainda recente em eleições: o financiamento coletivo.

Até as 22h de ontem, os registros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) apontavam que o petista recebeu cerca de R$ 440 mil com seis "vaquinhas" virtuais, que, juntas, tiveram a contribuição de 3.970 doadores.

A equipe de Lula criou um site para receber as doações e tem incentivado os apoios financeiros em eventos e nas redes sociais. A quantia recebida com essa ferramenta, porém, representa apenas 0,49% das receitas da candidatura do petista. A grande fonte dos recursos é o fundo eleitoral, que já despejou quase R$ 88 milhões na campanha.

Quanto Lula já recebeu para a campanha? Até o momento, o TSE registra que a campanha de Lula recebeu R$ 89.855.077,21 —essa quantia inclui também os R$ 249,2 mil de doações privadas.

Quase todo o valor, 99,37%, é proveniente do fundo eleitoral, recurso distribuído aos partidos em anos de disputa nas urnas.

O que diferencia vaquinhas de doações de pessoas físicas? A diferença entre as doações de pessoas físicas e o financiamento coletivo é que as primeiras são feitas diretamente pelo doador à campanha enquanto a vaquinha virtual é gerenciada por empresas de tecnologia.

Em ambas as modalidades, o doador pode desembolsar no máximo 10% de seus rendimentos brutos no ano anterior à eleição. Na prática, o financiamento coletivo é composto de contribuições modestas, de até R$ 1.064 —limite diário para uma transferência—, ao o em que as doações privadas podem atingir a casa dos milhões.

Qual o peso das vaquinhas para a campanha de Lula? Apesar de o financiamento coletivo representar apenas 0,49% da arrecadação, a campanha de Lula vê nas vaquinhas um elemento de mobilização do eleitorado.

O valor mínimo sugerido para cada doação é de R$ 13, número de urna do petista. Em comícios e outros eventos públicos, o PT tem colocado pedidos de doação por Pix no telão atrás do palco.

O deputado federal Márcio Macedo (PT-SE), tesoureiro da campanha presidencial, fez ele próprio uma doação de R$ 23,92 mil. Segundo ele, o partido também não descarta contribuições de grandes empresários, por exemplo. Até o momento, o maior doador individual da campanha de Lula é o empresário palestino Shawqi Hilal Mohd Naser, simpatizante histórico do PT.

"O financiamento coletivo é uma ferramenta que mostra o engajamento em torno da candidatura. Já recebemos apoio de eleitores de mais de 600 municípios. Mas estamos abertos a qualquer doação", disse o deputado.

Quanto Lula arrecadou com o financiamento coletivo? Segundo os dados do TSE até as 22h de ontem, Lula havia arrecadado R$ 439.873,13 por meio de financiamento coletivo. Mas Macedo disse ao UOL Notícias que a quantia já superou R$ 630 mil, com doações que ainda não entraram no sistema da Justiça Eleitoral.

Mesmo a quantia já registrada, todavia, coloca a vaquinha de Lula como a segunda mais alta entre todos os candidatos do país.

O montante oficial já arrecadado perde apenas para os R$ 462,46 mil levantados por Chiquinho Assis (Republicanos-MS), presidente licenciado do Sindfiscal/MS (Sindicato dos Fiscais Tributários de Mato Grosso do Sul), que disputa uma vaga de deputado federal.

O ranking dos maiores financiamentos coletivos também tem outros nomes conhecidos de esquerda, como:

o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), candidato ao Senado
e o líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores sem Teto) Guilherme Boulos (PSOL-SP), candidato a deputado federal

E também de direita, como o ex-procurador Deltan Dallagnol (Podemos-PR), candidato a deputado federal.

E as doações privadas? A campanha de Lula registrou, por enquanto, 34 doações de pessoas físicas, que somam pouco mais de R$ 250 mil. Entre os doadores há nomes ligados à cúpula petista, como os ex-ministros Aloizio Mercadante, Miriam Belchior, Gilberto Carvalho e Ricardo Berzoini, além de Janja e Lu Alckmin, esposas dos candidatos a presidente e a vice, Geraldo Alckmin (PSB), respectivamente.

Do grupo, os que mais doaram foram Mercadante e Carvalho, com R$ 14.850. Belchior doou R$ 7 mil e Berzoini contribuiu com R$ 2 mil. Janja e Lu Alckmin, por sua vez, rearam ambas o mesmo valor à campanha: R$ 1.983,60.

Lula em Belém - Reprodução/Canal de Lula no YouTube - Reprodução/Canal de Lula no YouTube — 01.set.22 - Telão mostra pedido de doações à campanha de Lula, em evento em Belém (PA)
Imagem: Reprodução/Canal de Lula no YouTube

Os outros presidenciáveis recebem vaquinha? Além de Lula, o único presidenciável que arrecadou via financiamento coletivo até o momento é Ciro Gomes (PDT), que levantou R$ 88,88 mil com o mecanismo. O montante representa apenas 0,28% das receitas da campanha de Ciro, que também é financiada quase totalmente pelo fundo eleitoral do PDT.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e a senadora Simone Tebet (MDB), que completam a lista dos primeiros quatro colocados nas pesquisas, não arrecadaram com vaquinhas por enquanto. Bolsonaro, no entanto, aposta mais nas doações de empresários do que a emedebista.

Bolsonaro é o candidato no país que mais recebeu doações de pessoas físicas até o momento: já arrecadou R$ 12 milhões por este meio, a maioria com empresários do agronegócio. Rees de pessoas físicas respondem, até o momento, por 44,4% das receitas da campanha do atual presidente, que levantou R$ 27,4 milhões no total.

Já Tebet arrecadou R$ 36,5 milhões com os fundos partidário e eleitoral do MDB e do PSDB e tem registrada apenas uma doação privada, de R$ 200 mil, do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).