Queria tirar meus filhos de lá, diz dono de imóvel que desabou no Rio

O prédio de quatro andares que desabou em Rio das Pedras, na zona oeste do Rio de Janeiro, foi construído a pedido do comerciante Genivan Gomes Macedo, pai de Natan Gomes, que ficou soterrado e morreu ontem. Ao UOL, Macedo disse que gostaria que a família se mudasse da comunidade.

"Eu queria tirar meus filhos de lá, mas não deu tempo", afirmou. "É muita bagunça, muito barulho aquilo lá, mas não conseguiram mudar. Eu deixei aquele prédio para os meus filhos, nunca imaginei que isso fosse acontecer."

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De acordo com ele, não havia evidência de que o imóvel poderia desabar. No primeiro andar, funcionava uma lan house istrada por Natan.

Nunca percebemos nada errado na estrutura: afundamento, rachadura, nada. Não seria louco de fazer um prédio com a intenção de acontecer uma tragédia dessa. A gente que mora em comunidade não tem engenheiro, nada disso.
Genivan Gomes Macedo, comerciante

Macedo disse ao UOL que o prédio foi construído aos poucos, à medida que ele conseguia guardar dinheiro para pagar os pedreiros e o material de construção. Com o tempo, o edifício ia ganhando mais um pavimento até somar os quatro andares.

No local, moravam sete pessoas:

• Natan, de 30 anos, e a filha de 2 anos. Os dois morreram no desabamento;
• Kiara, 26, esposa de Natan e mãe da menina, que foi resgatada com vida e está internada no Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, na zona sul. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o estado de saúde é grave e instável;
• Nataniela de Souza Brás, 28, irmã de Natan, que está internada no Hospital Municipal Lourenço Jorge com queimaduras na perna. A SMS informou que o estado de saúde dela é estável;
• Antônia Tatiana Leonardo de Souza, 38, irmã de Natan e Nataniela por parte de mãe. Antônia recebeu alta ontem do Hospital Lourenço Jorge;
• Jonas Rodrigues de Souza, 29, marido de Nataniela, que também recebeu alta hospitalar;
• E a mãe dos três irmãos, que não estava no imóvel no momento do desabamento.

Macedo chegou ao Rio de Janeiro em 1984, com o objetivo de conseguir um trabalho e ajudar os pais que viviam no Nordeste. Na Barra da Tijuca, zona oeste, ele conseguiu um emprego de vigia de obra. Ele dormia em um alojamento e economizava o salário para enviar à família.

Ao conhecer a ex-mulher, ele se mudou para Rio das Pedras, onde mora há 30 anos. Com economias, conseguiu comprar um terreno e construir o prédio que veio abaixo ontem.

A Prefeitura do Rio confirmou ontem que o prédio era irregular. Seis outros imóveis foram interditados, após análise da Defesa Civil. A Polícia Civil abriu inquérito para apurar o caso.